Saturday, December 8, 2012

Não confies em estranhos


"Não confies em estranhos"
Dizia minha mãe

Um quarto de vida
E ainda procuro por mim mesmo
Quem sou eu?
Sempre que olho ao espelho
O reflexo esconde-se na minha percepção

Guardo o eco de outrem religiosamente
Pequenas nuances
Não contaminadas pela errática emoção
Peças de um puzzle qualquer
Não sei é de qual
Mapeio toda a realidade na minha cabeça
Faltam-me as peças para encher o impossível
Tudo o que resta são modelos parciais
De um mundo demasiado complexo para esquadrinhar
Com minha alma ainda mais obscurecida com desconhecimento
De todas as realidades a que menos percebo é a de mim mesmo

Outras vezes ainda me pergunto
Estarei eu ofuscado pela luz por ser brilhante demais para eu a perceber?
Ás claras da evidência inconveniente enganam-me os olhos com um abismo negro?
Metade consciência, metade inconsciente
Tanta bivalência certamente inconsistente
Hibrido de tão paradoxal natureza
Se apenas um anda acordado
Que faz o outro quando este vai dormir?
Protegido por tanto secretismo
Tamanha privacidade revela desígnios sinistros com certeza

Para não viver sobressaltado
Vivo em negação permanente
Acreditando piamente que ele não conspira contra mim

Como acreditar neste incógnito
Obviamente não será incólume
Minha mãe sempre dizia com razão
"Não confies em estranhos"