Saturday, February 17, 2024

Pulsão de Morte

Trago comigo o abismo
No bolso da esquerda
Fica um vácuo, um pesar
Uma pedra, um Golias.
Tudo de vaidade e valía, 
No ventrículo direito,
Afastado desse poço sem fim.
Albergado ali, num passo irregular,
Um corpo dual atraiçoa, se separa de mim e se lança
Por aí abaixo num calafrio
Que violenta a líbido, repugna a alma.

Fico horas nesse ensaio
Aumentando a distância ao luar,
Até aos príncipios da Terra.
Contando o tempo nesse balance,
Em que gritam as valquírias,
Esventrando-se dentro de mim.
Entre este mundo e o outro,
Sem desejo mais nem tormento,
O átomo despossado de si.

Fica a rebeldia,
De me manter nesse acre pós-humano.
Sobreviver após todos os núcleos serem lançados,
Ver o que brota dessas sementes do caos.

Thursday, January 4, 2024

33:33

É aquela hora demoniaca
Apenas artistas, cultistas, 
Proscritos ocultistas
Fazem turno de vigília 
Este infame protagonista
Sofre intrigas, abdica do dia,
Pela noite mal dormida
Talvez as trevas segurem o impostor
Esperneante entre fendas e paredes
Não se deixa apanhar
Para se cobrar devida renda
Trapaceiro de profissão
Especialização em roubo de identidade
Pé ante pé arqueado pela sombra
Cruza-se comigo de manhã
Sequestra-me, vestindo minha carne
Numa imitação ínfera de mim

Wednesday, August 30, 2023

Plausible Deniability

A sphere of red-hot metal
Sits in the living room
Fiery feelings
Molten emotions
Eating away
Everything

Would burn my hands
Uselessly
Trying to move a dead weight
If I wasn't entwined to
Several layers of denial

Still trying to maneuver
Doomed affairs
Over a dead letter drop
Willingly blinded to realize
The correspondent is dead
Caught in the crossfire
By double agents of her own

Sunday, July 23, 2023

Terrores Noturnos

A noite alarga-se
Num clarão efervescente
E em trancada entre-aberta
Cliva-se o pensamento
O mundo detona amanhã cedíssimo
O outro é o invólucro onde selamos todas as crueldades
A mim desperta-me os pesares, os pânicos
Oxida-se o ar, que agora de nada me serve
Esmaga-me a culpa de criança
Dos horrores que imaginei
Aumentados à décima potência
Tão imperdoáveis à consciência
Tingida de idiomáticas ficções
Confesso, condeno-me à morte
Por coisas que nunca fiz
Numa súplica de ínfima esperança
Receber derramado aconchego
Em febril embalar de loucura

Friday, December 23, 2022

Só Dentes e Furor

Essa ânsia de ser
Energia potencial
Incauta labareda
Através de paredes ferver
Queimar todas as inibições
Todas as muralhas de oclusa alma
E os fantasmas, prostrados, vingados
Num abismo aterrorizante
Que nem o Diabo conhecia
Arder completamente
O céu da boca, a céu aberto
Esvoace o desejo, lançado ao Olimpo
Sem que se subverta a vontade 
Minha, imperial, a todas as ilhas
Constelações inteiras 
Lançadas ao mar bravio
Que me viram nascer
Ensaguentado, encarniçado
Só dentes e furor

Friday, June 10, 2022

Ângulo Morto

Não te queres demorar
Só mais um pouco
Desta vez?

Já que ao de leve apenas
Te queimas na retina
Alocaste no fundo do crânio
Com perenal duração

E fazes sempre o teste
Vais embora
Para eu ver
Se a dor te guarda
Mais fundo na memória

Já podes aparecer
O deserto afetivo
Atravessado
Por teus dedos
Ainda recolhe
As cascatas do mar
Dividido em dois

A norte quer te ver
Seca o resto do mar
Que me afogo sem ti

E a sul que mais não te veja
Os navios despenham-se
Nessa longa espada 
A meio do oceano

Com Neptuno 
Nas profundezas
E tu caminhas sobre ele
Num longínquo aqueduto
De águas inabitáveis, inabaláveis

Pusesse eu um pé
Em direcção ao conglomerado
De líquidos e espelhos escorregadios
Era-me obliterado cada pedaço de mim
Que não suportava a aproximação
Fosse eu descobrir
Lá em baixo, não havia nada
Nenhum vestígio de ti
Nem oxigénio que me deixasse arrepender-me
Voltar a cima e expirar todo o desgosto
Ficaria lá contigo pesando-me no peito
Sucumbido ao sono eterno

Sunday, April 17, 2022

O Que Vive Lá no Sótão?

Porque me olhas assim?
Com artificio e morte
Alguém decidiu
Conceber-te a ilusão
De que isso que vês
Rasteja diante de ti
No chão em que pisas
Não te disseram
Os monstros na lua
Não vivem lá não
São tarântulas
Habitam em teu escalpe
Pingam pancadas frenéticas no sotão
Onde nunca lá ninguém entrou
Encontram escape
Na madeira porosa
Saem-te pelos olhos
Invadem-te os quartos 
E a sala de estar
Sem portas
Nem janelas
Nem algo que segure
De onde elas saíram
Saem para o mundo
Mas mais ninguém as vê
Contorces-te aterrorizada
Consumida por horrores
Juras que é verdade
Mas é a ti
Que profetizam
De louca
De repente
Confinada em paredes
Que se encurtam
Para cada vez mais perto
Avançam para te comer
Essa aranha gigante
Prende-te os braços
Esmaga-te o peito
Roubou-te os olhos
Olha-te escancarada
Com uma ânsia de te devorar
Preencher o vácuo mortífero
Que vomitas em sala vazia
Cheia apenas de ti
Uma cama com amarras
E tudo que não coube na noite
Em onírica desrealização

Saturday, April 9, 2022

A Invenção do Mundo

Regurgitado do nada
Inteiro, abrupto, meândrico
Por incontável tempo caindo
Num infinito imensurável se si
Até que morosa disposição lhe mordeu
Para o mestre oleiro
Condensar os pensamentos
Solidificar as areias
Virar a ampulheta
Orquestrar o mundo

Mergulhar as mãos
Nas forjas do inferno
Para martelar montanhas
Amaciar planaltos
Talhar terra e mares
Arrefecer oceanos
Lançar essa esfera mal anabolizada
No salão vazio de adornos estéreis
Criar o elenco da trama terrestre
Com deuses complacentes
E demónios convincentes 

Não se sente mais sozinho
Simulando vida de confusão compartilhada
Mas talvez se arrependa depois
Repartido em suas várias partes
É a tendência bélica que sobressai
Para lidar com o medo e raiva
De nada saber e tudo acabar tão depressa
Sem pretexto nem explicação

Saturday, April 2, 2022

Todos os Não-Ditos e Interditos

Se as palavras jorram de ti
Com uma clareza absoluta, louca
De pureza visceral
As minhas jogam às escondidas
Vejo-as aflitas a fugir nas esquinas
Levando ao colo memórias
Que não querem ser tingidas por desgosto

Sempre fora a noite nossa conciliadora
As mais turbulentas tempestades deflagravam
E nós fingíamos que era só lá fora
Os trovões fragmentavam os céus
E na intermitência ficávamos soterrados no silêncio
Quando as línguas de fogo já haviam há muito
Sido engolidas pela cera das velas chamuscadas
Contemplávamos um ao outro
Com as pontas dos dedos
Como torrentes de lava
Que humedeciam
As colinas, as planícies, os vales
E a terra solta à flor da pele replicava
Tremores vulcânicos iminentes a se soltar
Num choque elétrico que inundava
Os corpos suplicantes de endorfinas

Destilei tua caligrafia várias vezes
Purificando a solução, para compreender melhor
A forma de negar o que disseste
Ver outra coisa que não aquela que quiseste
Não aquilo que eu efetivamente senti

As linhas de tua carta são como um gume fino
De um cutelo trepidante sobre nós
Mas que cai cruel com a ponta romba
Mói, esmaga, destrói mas não corta
Este nó que nos une
Entalado à vontade de continuar
O que nos dilacera
Só para apaziguar esta fome de macia concretude
Que abafa a voz rouca do vazio

Descolam-se vestígios do aroma
Solto por teus cabelos ao pincelarem o papel
Com todos os não-ditos e interditos

Thursday, March 31, 2022

Lune Noir

Estranha hora
Na cegueira da noite
Para colher
Negras orquídeas

Em paisagens atentas
Banhadas pela luz
Da velha lua nova pairando
Em agoiro do retorno do recalcado


Ao cimo
Velada
Ínvia
Lívida
Infinita
Indefinida

Espia os homens
Loucos como as marés
Servem-se de isco ao desejo
Ingénuos, enlaçam-se ao engano
Avezados a vaidades e veleidades
Desdenham o inebriante enleio
Que puxa seu coração
Para o fascínio de estrelas distantes
Enamorados por seu brilho

Na ilusão de as poder alcançar
Algures perdidos
No frio cósmico
Sem suporte de vida
E nulo afeto
Morrem a meio
Afundados
No esquecimento

Thursday, March 17, 2022

Sono, Sonho, Sóbrio em Sentimento

Tão baixo
Assombrado
Estática da televisão
Olhos calados
Impregna-se um pesar

O espaço aglutinado entre os lençóis
Denúncia a ausência de outra fonte de calor
Debate-se com a escassez de um elo de ligação
Mas finge-se de morto
Como se nada disso importasse
Quem o visse ali, ninguém diria
Sangra por todos os poros

Ao longe
Imagina-se vida
De quem ignora a madrugada
Escondidos em deslizes de gato
Aparecem em sonhos como panteras
Fantasmas desta casa, de caras tapadas
Atrás de mim, deixo-os para trás
Corro desalmado atrás de vulto que foge
Entretanto me encontro comigo mesmo
Não me reconheço, odeio-o em segredo
Algo em nós, que nenhum quer que seja seu
Trocamos olhares e esgares
Fica no meio algo por dizer, algo por perceber
Sem declarações de guerra, nem oferendas de paz
Sem olhar para trás, nem virar as costas
Deixo-o ir
Ele vai
Tresmalhado

Espião, evade-se entre momentos de insónia
Extrapola-se pela barreira hematoencefálica
Erra pelo corpo, nó na garganta, tremores, arritmias
Prende a respiração, atira corpo em queda livre
Volta mais tarde em vigília baixa
Noutro corpo, noutra forma
Transmutado em qualquer medo
Grande demais para aparecer
Repetido em cada disfarce 
Mais diluído do que da última vez
Repelido, escapa novamente, sempre fugidio

Wednesday, March 16, 2022

Grandes Sinais no Céu

Neblina sépia 
Assalta os céus
Faz de sol lua
Asfixia estrelas
Engole lua
Recua marés
Convoca calamidade

Cega os homens
Reféns em alto mar
Sem astros 
Que digam
Para onde ir
Na noite mais escura
Trémulos os barcos
Medo nos corações

As trevas no fundo
Fazem um convite
Farão o impensável
Antes de aceitar

Tiram a pele
Arrancam a carne
Presa nos ossos
Despem qualquer vestígio
De humanidade
Ovelhas mansas na civilização
Lobos famintos em alto mar
As trevas do fundo
Pronunciam-se novamente
Indignos de voltar a terra
Lançam a vergonha
E tudo o que resta deles
Para onde jamais Deus possa ver

Sunday, March 13, 2022

Além do Homem

Antropomorfo, hominídeo, bípede
Coberto de mansa pele
Carne envolvente em densos ossos
Cartilagens, tendões, músculo sentimental
Olhos negros, de desesperança
Ingenuidade de si ou completa alienação
Ombros, braços e mãos
Para aguentar o peso do mundo
Quadris, pernas e pés
Tentam negar a gravidade centrípeta

Mas existe um espaço incógnito
Intocável pelas palavras
Algures dentro dele
Um habitat alóctone
Para um mastodonte 
Pouco confundível com humano
A carne sufocada por densos músculos
Grita um vermelho pulsante
De convoluta raiva e fúria crua
Animalesca ferida a céu aberto
Feroz olhar, rugido trovão, desfaz, aniquila
Aprisionado, noutra dimensão
Estremece todo o vazio com ecos vorazes
Irrompe o pensamento com febril insurgência
Preso em seu exílio de mil anos
Enquanto esse hóspede o contém

Onde Algo Possa Surgir

Aproximo-me com cuidado
Quero ver mais perto
No ponto de convexão
Sem parapeito
Nem arquitetura de enfeite
Escorrego por momentos
Em vertigem súbita
Deparo-me com a magnitude desse abismo
É espada de Dâmocles 
Que escorre pela garganta
Nessa hora de vil descoberta

Nunca imaginei
Estrutura humana
Ou por natural convenção
Tão medonha quanto esta
Esculpida de maciço pedaço de vazio
Um rochedo de nada
Negativo de existência
Profunda garganta aberta
Despejo pesado olhar para o fundo
Num eco reverberante de silêncio
Estremece ossos
Estilhaça dentes
Rebenta tímpanos

Imensidão de lugar inóspito
Esse dentro de mim
Engole fronteiras 
De ontem para o dia seguinte
São esses os alicerces
Onde julgo aqui me construir

Saturday, March 12, 2022

Estados Confusionais da Mente

Ao tomar posse de mim
Depois desse tempo
Em que me dividi
Duas vontades
Dois opostos
Sequestros de si
Desejos multiplicados
Por cada interdito
Mais um capricho
Que não impedi
Era claro para mim

Essa rede de interlocutores
Encontrados a cada nó dado
Para não perder o norte
Até um ideal de mim
Foi deliberada tentativa
De construir arcabouço
Para aguentar impacto
De ser só metade do que quis

Breve ideia de integração
Seria desarrazoada a crença
Reduzir múltiplas nuances do ser
Todas as urgências da alma
Em baldio desbravado
Complacente com essa incompletude
Por apenas um hemisfério à tangente

Cada Palavra, Cada Engano

Prostrado sobre o horizonte
Diluem-se por todo o corpo
Pensamentos parciais
Tomam forma mais sólida
Erguem-se morosos
Ganham consciência de si
Num eco ensurdecedor
Ornamentos por cada pesar
Emaranham-se a medos ampliados
Fazem-se gigantes na fusão
Entre omnipotência e queda livre.

Embalo-me em paisagens oníricas
Pela primeira vez tocadas
Revisitadas em sonhos esquecidos
Não fora sentir que já lá estive
Não fora sentir domínio
Desses pastos de torrentes de lava
Já não me enlouquecem assim.

Deixo-me seduzir
Por cada mentira
Solta por incrédulos lábios
Lambidos por chamas
Deste inferno sem ti

Friday, March 4, 2022

Einsamkeit

Silêncio de azul pálido
Despe-se no quarto
Com esguia mordida
De sabor metálico na língua

Sou transportado para memória onírica
Onde nunca estive, mas sempre senti
Labiríntica floresta, em noite de lua subreptícia
Desvalido numa brancura álgida

A ceifa de ventos glaciares saqueia
Qualquer centelha de febre que nega a falta
Num arquipélago cada vez mais insular
De ligações iónicas que perdem a referência de si
O corpo, ponte do dentro e fora
Perde toda a diplomacia para uma cortina de ferro
Negando a derradeira perda do que pode ser perda de si

Thursday, March 3, 2022

Ouroboros

Planeio desencontrar-me
Separar caminhos de mim mesmo
Largar o incómodo de fingir ser
Não saber em primeira mão de quem fujo
Perseguindo contornos de falta
Falhe a memória do que lá estava
Memória ligada à dor que fica em teu lugar
Mas não importa mais essa coisa
Inútil pensar, evito sentir, sem mais arder
Corro para fora de mim, contra a multidão
Perder-me de vista, dessa sina que é estar só
Tenho planos para depois
Talvez possa esconder-me nesse interposto
Não me notem, não me falem
Não vejam o que me falta
Esperem até ao fim
Com outras camadas
Mais decidido a ignorar
Quem fora eu, não ser muito diferente
Desse agora pintado de outras cores

Tuesday, February 22, 2022

Compulsão à Repetição

Sempre fui, sempre estive
Limítrofe da realidade e desejo
Onde esses dois reinos se beijavam
Era eu testemunha de imprudente paixão
Em mim reverberava a história repetida
Desencontros, traições, amores de guerra
Séculos de tradições de narcisismo falhado
Sem nunca declarar imposto
Das terras roubadas, delegadas a ninguém
Renuncio à herança de absolutos e vazios 
Viver entre fronteiras entre mim e o outro
Desmascarar os sábios e os reis
Não eram eles dignos da honra e da coroa
Sem divindades nem soberanos
Caíram todos antes de mim
Devorados por demónios 
De suas próprias entranhas
Com Roma em chamas ante mim
Abdico do mito e glória de outrora
Entro nesse pesar de meu próprio pé
Desapareço pela noite oclusa
Embalado no medo de ser sucedido
Onde todos os olhos têm dentes
Onde todos os reinos se dissolvem
Sem saber se verei a clareia de lua nova
Sem saber se ofereço sanidade a troco de nada

Tuesday, February 15, 2022

Quarto Escuro

Há um lugar dentro de mim
Descer as escadas, ao fundo do corredor
À direita, continuar até se perder de vista
Encontra-se uma fechadura, só eu tenho a chave
Lá dentro, está um quarto escuro
Assombrado por todos os medos, todas as dores
Das mais brandas, até às que todos sentem antes de morrer

Tenho de lá entrar
Mas tenho medo
Tenho medo do pavor que possa lá encontrar
Aquelas dores fantasmas
De todos os membros arrancados

Quero trazer alguém comigo
Para não ter tanto medo da solidão
Perder-me nos labirintos da escuridão
Sequestrado por sombras indiferenciadas
Esquecer-me
De ti
De mim
De que existe um mim sem ti
De que existe um eu dentro de ti
Esquecer-me de um eu, para mim 

Mas já não estás aqui
Nem lá fora
À espera de mim 

Podias entrar comigo
Não... não precisas de entrar...
Já entraste antes de mim

És tu a razão
Por estar hesitante
Não querer entrar
Não querer encontrar
A ausência espectral
De teu corpo arrancado de mim

Saturday, January 22, 2022

Azáfama da Citadela Interior

Não há momento em que a minha mente se cale
Uma cacofonia de vozes, de vontades
Acotovelando-se para serem ouvidas
Intempérie de sentimental sentença
Não há clemência, uma debandada de veleidades
Devaneios, nuvens de pensamento
Não se sustentam, pesadas, caem
É um estrondo, medonho
Aproxima-se finalmente
O céu, tira-se o véu
Embate, todo o cosmos, na porra da Terra
Nunca vistos antes, nefilins, indígenas da mente
Pouco sapientes, agora que os invocámos
É uma desgraça... tropeçam na estratosfera
Não sabem andar por aí, parecem saídos de Babel
Piores estamos nós, depois de milénios de guerras santas
É um espetáculo vergonhoso
Seria heresia, se aqui não estivessem descobertos
Expostos a descendentes de carbono
Tanta coisa e são como nós
Desajeitados, apavorados, neuróticos... se tiverem sorte
Com esse aparato todo
Já me esqueci o que tanto me atropelava
Acabou-se a insónia, voltar a dormir.... para quê?
Estou tão bem assim acordado
A noite lá fora é cúmplice do silêncio
Ouvido pelos que permanecem em vigília
De luzes apagadas, fingindo estar a dormir
Sinto o contraste do aqui e do lá fora
Incógnito, espreito como que numa cilada
A azáfama da citadela interior
Só acessível pela noite quieta, que se demora deliciosamente
Deixando escorrer, de uma nascente de memórias ligadas a afecto
Revisitando o outrora que sustenta o vigente
É o badalar, abafado pela distância
Que desperta uma reminiscência ao de leve apagada
De uma disposição horizontal
Um pouco acima do solo
Enredado por oblíquos lençóis
Espera, estava a dormir?

Friday, January 7, 2022

Jogo de Luzes

Na diagonal incide um difuso
De ultravioletas e infravermelhos
Toca-me, delimita-se nos contornos 
Impressos atrás de mim
Com relutância, 
Reconheço-me no negativo de mim
Uma inegável, 
Desconfortável parecença, marca presença, 
Ali fica, me encarando, tão estupefacto quanto eu.
Habituo-me à sua permanência todos os dias à mesma hora

Sem me dar conta, etéreos zepelins
Brincam com as pronunciadas tonalidades
Parecem dar vida a essa parte de mim,
Gesticula algo agora, não tem voz,
Ainda é muito novo, não aprendeu a falar

Percebo-o na sua incoerência
Uma tempestade de experiências
Que não se contêm na palavra
Sentem-se no alvoroço da hora tardia
Em que me vejo tão pequeno,
Perante essa torre alta que sai de mim

Monday, January 4, 2021

Um Simulacro de um Outro

Depressões circulares cravadas na parede
Equidistantes, deliberadas, intimas
Não fossem estas feitas de eterna sentença
Um simulacro de um outro, um oráculo num olhar
E de alma, se somente alguém aqui pudesse fingir ter 
Essa artimanha de côncavo semblante
Faz transparecer uma oca lucidez
Qual revejo intrépido pulsar
Produto da riqueza do imaginário
Ou mortificada alucinação
Tão embebido em insensível mármore estava eu
Em êxtase, exasperado, para que secos lábios se abrissem
Esculpidos, em transe demoníaco com certeza
Mentem em silêncio, serenos, imperturbáveis perante meu pranto
Jamais dirão que não beijam, nem mordem, nem vivem
Cravo-lhe na testa algo profano
Ordeno-lhe que viva
Não me obedece

Imóvel, encara-me com pálida evidência
De que somos ambos réplicas
Répteis, réstias de medos arcaicos
Mas apenas um de nós
Enredado na mão do Diabo 
Escravo de heresias herdadas
À mercê do vitupério de Deus

Esta presença, não fosse feita de pedra e castigo
Eu me desmoronaria aqui
Odeio-o agora em desespero
De tão siamesa semelhança
Desejo-lhe destruição, desabe como eu
Perante tal anómala figura, perversa criação
Existo, eterno, petrificado em seu olhar
Austero, inabalável, incessante
Jaz de pé, constante, seguro em sua convicção
E eu, preso em seu olhar, enfeitiçado
Enlouquecido na impossibilidade de ser
Existo, eterno, diluído num vigilante de granito
Ordeno-lhe que me liberte
Não me obedece

Friday, August 30, 2019

Forbidden Knowledge

Sought solace in the solitude of my inner chambers
Encumbered in piles of books and pillars of shadows
None of them I would dare to step on
Nor linger my thoughts over them
As there are things that do not live
I didn't wish to wake

Usually ensnared in the threads of abstraction
Was I now leaned over some obscure literature
Heeding not my own apprehension
More desirable would I be
Staring at the abyss with full intent
Than facing those inconceivable symbols
Whispering madness to my ears
Inconspicuously summoning archaic fears
Far too literal and more influential
Than my previous endeavors
And as profane and obscene as it was
What I was unraveling there
The door behind me was neglected and ajar
Making possible any unwanted attention to find it's way in
Or rather aid the escape of some entity too eager to slip through
Not that the most impenetrable walls would halt their advance

Not a moment too soon
The implicit invitation did lure some unexpected guest
A figure steps in, made of silence, not even a murmur
But I could feel it's shadow and spite
Hovering over the wooden floor
Weighing down on my backs
Halting my feeble breath
As a vertigo shooks my entire anatomy
I begin to turn around to face such dreadful being


Though my eyes were useless to comprehend
The eerie, vast silhouette that it chose to reveal
Other than it's actual formidable architecture

And even if no words have been pronounced by this apparition
It was clear to me that it did not find me worthy to address it
Less even, to clarify my nauseating perplexity

But in a flash of horrific disclosure
It's ulterior motives became very clear
Unspoken revelations that did not come to pass
For my heart ghastly with heresy

Liberated me from such unearthly fate

Friday, October 13, 2017

Proíba-se a Escrita

Acabem, cessem de uma vez, morra já!
Abulam a escrita e a poesia se extinga!
Execráveis artes negras
Dádivas de loucos enfermos
Miseráveis masoquistas
Da dor não renunciaram
Ébrios daquele veneno
Escorre na garganta adaga amarga
Em êxtase, devagar se vão
Cambaleiam em cegos passos
E diluem-se no chão, que nada sente, indiferente
É do figado que jorra a tinta negra
Nessa poça molham a pena
E encharcados de centrípeta perda
Deliram últimas palavras no frio mármore
Agora salpicado por contrastes de trevas marinhas
Quem mais iria passar ali naquele beco?
Somente fornicadores e mercadores da morte
E quem, no seu infortúnio, se deparar com tal disparate
Iria tentar decifrar tamanho palco macabro?
Apenas loucos efémeros de dádivas tais

Tuesday, July 18, 2017

Voyage to World's End

Have decided to venture to open sea
Reckless and unbridled were the ghosts 
Which operated my ill-will
So strong in bold stupidity
I mingled in waters too deep for my feet to grasp
Yet steady was my plunge into the abyss
Well aware of the frailty of my lungs
And the omniscious darkness from below
Eager to claim such tenacious volition
Willingly to become an unasked guest
In inhospitable latitudes

Were I, in an impulsive act of madness
Willing to offer my mortal soul to the nymphs of the sea?
Aye! Wouldn't dare in vain attempt to circumnavigate the truth 
For the dread certainty of damnation
But in the same awe I solemnly vow
T'was not my design to let 
My hopeless body to be devoured
By the wrecks of my ship
Now lying in my name at the depths unknown

Driven by blind conviction
I was oblivious to the drunkenness of my ship
Creaking and hissing as the waves furiously waged against the hull
I did defied the old ones by having set course to such impious place
But so did the deities of the sky had a quarrel with me
For my impetuous disregard of my soul
They did admonish from above with burning light
Tearing apart the remnants of my drowning salvation
I had to watch chaos to walk freely on my ship
As it was split apart, eaten away by resolute forces
For fear to strike on my heart
Every ounce of bone implode my ribcage to obliteration
But 'twas my well lit eyes, opaque in disbelief
Which translated best the horrific realizations biting my neck
The large thick sails were now a nuisance on fire
Prospects of being burned alive on open sea became very real

For good or bad fortune
I was clumsily thrown aside by angry winds to nearby shore
The same cursed island that lured me in
Whose inhabitants orchestrated my fool's errand 
For some insane, foul, unknown purpose
Long before the deterioration of my mind
Forsaken by the gods, little hope was there for me to be found by lesser mortals
Yet at long last, I could search for what I was willing to bargain my sanity away

Thursday, August 4, 2016

Vicarious Nature

From shed tears to burned synthetics
Got rid of any counterfeit defenses
Yet my bare figure was still too heavy
So I did undress layers of acquaintance selfs
While absent from my own quantical sight
Silently I was unpeeling belts of fortifications
As I was next to myself, distracted by dormancy
But I did glare once at the convex glass
A thousand eyes unfold in the mirror ahead
Shrunken unblinking pupils signal my undoing
And I, desperate to reach deeper tiers of conscience
Begin to throw chunks of blood-soaked meat at the floor
Digging faster my chest, soon stripped from live tissue
Finally I rip out the long tusks and access the core
A sobbing choked-up sentimental muscle
Shakes and seizures, stark-naked
Ravaged by my own voyerism

Saturday, June 11, 2016

Shall we sit down for Dinner?

Someone invited me for dinner
Some higher chair on the food chain
Charming and unequivocally compelling
As any contract presented by the Devil himself
A table full of many flavors of wrongs and vain promises
Anyone else, less acquainted to sinful enterprises
Would promptly flee those long halls back to holier ground
But I had experienced before the dooming taste from those bowls
Open and wide, emanating scarlet desires
Which my tongue had already known by heart
Oh!... And if it wasn't for...
My twisted masochism and deep-seated guilt
I would... most certainly do otherwise
Undoubtedly I would choose to damn my soul any other way
But as I once had a seat on that table before
There was no point to pray for me anymore
A table full of all the poisons I could choose
I satiated my thirst from every damned bittersweet liquor there were
Even if I would die as many times as the many flavors of poisons I did enjoy

Sunday, March 20, 2016

Missing In Action

That woman has no visage nor vanity
Taught in the black arts of lunacy
Her face is old and wrinkled
Transmuted back to her golden years
Double agent working for the enemy
Traded away for her counterpart
Deus ex Machina
A more convenient persona to fill in the gaps
Left by everything she chose to renounce
Saint soul no more, would she notice her sanity gone?
Because of the demons she now harbours
There is no need for such hubris
Toxic fumes imbued by voices of grand fates and fatalities
Covers the abyss that she is now
Against all laws in the dreams of the real
She dissipated to ethereal realms
Master in skills of illusion and delusion
The greatest Spy who has ever been
Erased her mind clean, identity is gone
Whatever link to her conscience abolished
Missing In Action for all means and purposes
All they had on her was vital signs, conscious no more
Acidic insanity dissolved all signs of what she used to be
The greatest Illusionist who has ever been

Saturday, January 9, 2016

A Remedy for our Sins

Having walked the earth
Hoping to find a remedy for our peccability
One that would satiate our covetousness nature
I stumbled upon statues of might-have-beens
For far too long, longing for to be unearthed

What did I find
Not anonymous providence
Neither deity nor ipseity did I unmask
Only scorpions under the debries
And skeletons of my beliefs

Having left no stone unturned
Little it did to appease my zeal
And did I linger on my fool's errand
Until the grains of sand
Were taxing on my youth

And what did I find
False, fallen, unsympathetic Idols
Worthless golden statues
Man-made replicas of long gone gods
Where did they go
Were men so repulsive
To be left here to die
As the last specks of sanctity
Become even more hard to find
Will they return when there's no more left
Bring another Deluge to wash away our sins
Bring another set of clay figurines
Re-populate with same frail tendencies

Friday, January 8, 2016

Demagogias da Mente

Sussurras para ti mesmo
O segredo guardado por tanto tempo
Que tens de ouvir da tua voz
Para acreditares na verdade
Dele te assombrar
Nos sonhos esquecidos
Antes de acordares


Daquelas tenebrosas noites
Envoltas por quimeras
Que teu frágil ego
Te nega conhecer
Apenas para manter afastadas
Verdades mais intoleráveis
Do que esse segredo
Que finges não saber

Relâmpagos te cegam
Para que não vejas
De forma que não ouças
Pelas cortinas carmesim
Ante do jardim onírico
Essas escondem, essas mentem
Habitantes invasores de contracto vitalício
Em cantos obscuros de pátios internos
Arcaicas, francas trevas
Sepultam fábula entre dentes contada
De seres único herdeiro de pensamentos teus
Coibidos pedaços de ti mordem-te a carne
Estilhaços hostis de quando tua mente se detonou
Deflagram bramida loucura em flagrante luz do dia
Sanidade despejada, lucidez desalojada
Endiabrado o pensamento, febril a palavra

Já não eram furtivos
Nem tampouco privados eram mais
Esses fantasmas enclausurados
Nas paredes lá de casa
Demolidas por usurpadores residentes
Que nunca conseguiste esconjurar
Mortífera cilada, desposaram-te, feito Babel de tua casa

Thursday, December 10, 2015

Todos os Neuróticos vão para o Inferno

Estou lá no grande portão
Os outros vão chegando
Chegam por outras razões que não eu
(Pobre Ego, desprezado dessa maneira....
Ide para dentro, não ficais à porta.
Castigos te esperam, daquele moralista dos diabos)
Mas lá têm eles de me ouvir
Não me calam assim:
Blasfémias, sarcasmo e riso profano

Os Loucos, ilibados por sua insana vontade
Para o céu vão. Deixem-nos passar, coitados
Não tem juízo, nem intelecto
Nem artimanhas sequer, sem lucidez para tramar alguém
Não comeram da maçã, ficaram na ignorância
Despidos da consciência que o pecado os roeu

E os Limítrofes, no limite ficam
Esses não sabem o que querem também
Só querem ir para algures, não ali
A senda da luz, ou até Mercúrio pode ser
Só querem sair dali e pertencer a algum sitio
Mas no Limbo é bom também
Sem estímulos sensoriais, nem montanhas-russas
Eles não gostam de montanhas-russas
Indivíduos estranhos esses
Amnésicos de identidade

Tuesday, September 1, 2015

Deixem-me dormir em paz

Sentado sobre a hipérbole do quotidiano
Morde-me tal aborrecimento
Se for possível tomar própria vida por tal inconveniente
Garanto que me será fatal
E zumbidos de conversa absurda
Vindas de imediações
Enxame de moscas
Sujas de merda intelectual
Ai! Que desabe o tecto daquelas bocas
Deixem-me apreciar a minha tortura em sossego
Se é para me entornar aqui, que seja mais solene
E se oxigenio não alimenta esse acéfalo vosso
Desistam desse incessante exercício aeróbico
Vão para o mar, respirem água salgada
Dizem que cura muitos males
Bebam! Bebam à vontade!
Não parem até que o mar se acalme

Friday, August 21, 2015

Beware of your Demons

Careful with the demons you speak of
Swarming in the aquarium of your mind
Do not let them loose in your tongue
Easily they climb the cords
And empower your words
Liquid fire, shapeless fury
You may vomit them out
In the skin they will merge
Then the mark of cain will be your cross
Fused in your limbs, they root inside
Dressing in meat
Skeletons hidden in the closet
Corporeally convincing now
Venture outside to flood all the secrets
You forced upon them

Saturday, July 4, 2015

Na mesma balança, se pesa o Ouro e a Alma

Homens condenados em vida como em morte
Arranham as entranhas da Terra
Em busca daquele metal reluzente
O qual mentes enlouqueciam
Mas desse mal, estavam eles salvos
É o pão bolorento que sustenta a mulher e os filhos
Eles como Homens que são, podiam definhar
Comem da terra que daqui a nada, os vai devorar
Corajosos seriam, se tivessem outra escolha
Descem por grutas e gargantas até profundas trevas
Não façam muito barulho, ainda acordam quem não dorme e lá em baixo domina
Mas não se incomodem, já está de pé e bateu com ele
Adormecida fúria se alevanta, tecto desaba e homens pequenos se tornam
Sem deliberada vontade, escondem-se agora atrás de destinos selados
"Socorro!". Escapam um grito que atravessava rochas de tamanha convicção
Mais não podiam fazer, tomara largarem seus breves corpos
E fugirem dali com almas pavorosas
Mas alma livre, não anda por aí, não
É negócio entre anjos e demónios
Sem demora, o outro pé ele bate
E ali, todo o mundo estremece uma derradeira vez
Não importunem os que ainda vivem se faz favor
Escolham as terras do norte... ou aquele mundo mais ímpio
Mas calma... O Diabo já o olho vos deitou
Nele pensaram subornar para maldita vida não largar

Monday, May 18, 2015

Beautiful Melancholy

There is something exquisite in the tears
Something from the beautiful melancholy
Sorrow falls in petals softly in the quietly depths
Unfathomable bottom where no soul has set foot in
Ineffable sighs heap on top of each other
And the weight is gentle no more
As more wet feathers drop in the pile
Until we found ourselves rowing in an endless sea
No shore on sight from days lost in tides of dead leaves
On night ravaging the feeble wooden boat
Throwing out the frail of us to layers of forsaken voices
Forlorn gods in our thick nightmares
As the pressure rises crystals forge from fires of rage
Erupting from the deepest abyss to the highest heavens
To flood over mournful eyes and fragile skin
Those waters so limpid and lucid
Emanate the most intimate of livid pains and illusive desires

Monday, May 11, 2015

Do Outro Mundo Ninguém Fala

E essa coisa de Falecer
Parece que toda a gente adere a isso
É mandatório, decreto lei e norma social
Se não o fizeres, és excêntrico, fora-da-lei, acólito do Diabo
Daquelas vaidades tais, uma pessoa tem de fazer uma vez na vida
Mas se assim é, não deve ser grande coisa
Eu cá, pessoalmente não gosto e não me atrai
Talvez um dia considere fazer
Mas não é assim coisa a curto-prazo
É mais uma actividade para planear com antecedência
Há uns, como eu, que não ligam muito a isso
Nem falam muito da coisa, parece que não tem mínima curiosidade
"Falecer? Que raio de coisa é essa? Epa, não quero agora talvez mais tarde"
E esperam até à reforma quando não tem nada para fazer
Alguns nem isso, passa um século e nada
Desdenham disso, recusam-se tanto, ate um dia que "pronto vá, está bem"
Mas depois há aqueles apressados
E é logo aos 20 ou antes disso até!
Ouvem alguém a dizer que há outro mundo e lá vão eles
Não gosto de pessoas impacientes assim
Não sei bem para onde eles vão todos, desaparecem de subito
Mas pensando bem, deve ser um sitio bem melhor que este
Pois com toda a arrogância nunca mais nos falam nem nos vêm visitar
Nem que fosse para contar como é lá
Deve ser só calor abrasador o ano todo, bronzeado e tequila
Pelos vistos é o que toda a gente gosta, nem se lembram de nos convidar
"Olha, gosto muito!","Não é tão giro como pensava", "É bastante agradável à sombra"
Nada. É total incógnito até que se chegue lá.
Prometo, assim que chegar lá, vejo como é, "volto já, vou só ali!" e venho aqui para vos contar como é.

Wednesday, April 29, 2015

Mente o Corpo à Alma

A mente divaga
O corpo fica em terra
E a mente só não mente mais
Porque o corpo não eleva
Preocupado, ele observa-a com cautela
Enquanto ela brinca e esvoaça por aí
Sobre fundos, inóspitos oceanos
Onde ele nunca poria pé
Não se arrisca nas trevas de profundezas
Ávido de ares diurnos com pouca fé
Não aguenta a alma que se incha de negrume pavor
A mente embranha-se levemente nelas
Sem respirar sua tinta, nem cegar-se com fatalidade

Friday, April 17, 2015

The Old Ones Untold Tales #72961

If there are phenomenons
That persist on remaining unknown
Engulfed in riddles and mazes
Only known with absolute clarity
By the most ancient of gods
Too complex and vast
For the minds of Men
To retain such knowledge
And still remain with their sanity intact
Death shall always be one of those
Until the End of Times

This particular phenomenon
With high frequency of occurrence
(A rather common event
Not hard to miss
If the curiosity shall arise
To observe such things)
Most times happens quickly
Usually mere seconds
Until the process is completed
Yet time has been known as malleable
And under this particular event
Agonizing seconds such as these
Seem to possess an incredible elasticity
Stretching indefinitely to hours, days or even years
In the mind of the dying soul

It is also rumored of those whom this process
Can happen indefinitely after the body had ceased activity
Making this experience resistant to the normal wear of time
Due to the extended time this can continue on happening
The degrees of agony on the dying soul
Can be equal to the amount of liquid necessary to overflow certain container
Therefore, this intensity of emotions may trespass the fabric of the life itself
(Being the only known essence to ever come across such sacred barriers)
So they shall haunt the living
Scorning those who will once experience feelings such as these
For how long, it is not known
Depending on how unfortunate those will be
And if they will become these gods' forsaken creatures

Monday, April 6, 2015

The Trickster God

The Old Sun envies the Full Moon
Humans always gaze in awe at the pearl of night
But blinded would they be
If they would even glance at the source of light

So, once in a while
His Majesty wears a mask of clouds
So it can dwell in her charming vests

Oh Trickster, Trickster
How much you love her
But denial is such a powerful force
To eclipse passion more hot than your chaotic core
Into vows of consumption and domination

You should know this
When you'll two meet
Your kiss will fuse you together
The sky will shudder and explode
And your light surpass the bright of a thousand suns
Still, humans will be as one too
Inspired by your unbridled lust
They will defy laws of physics to watch you shine

Sunday, March 15, 2015

Memento Mori

Um dia, que nem os mais impios dos deuses sabem
Thanatos virá a remar pacientemente pelo leito do rio
Na sua longa gondola, onde leva tantos
Com promessa de mostrar eternas margens de Letum
Ele saqueará almas de corpos abandonados
Alma é coisa etérea, negócio entre anjos e demónios
E de quem de entre os homens tem poder sobre os espíritos?

Temo derradeiro dia
Em que minha ânsia o chame antes do tempo
Alma prefira infindáveis paisagens
Desse rio com nascente em saudade
A tão doce efémera miragem
Que com meros suspiros se desfaz

Pensei No Que Sentia Não Senti Mais

Lógico gelo passa alí onde dói
Esfria afecto infectado
Esqueci-me ao de leve na ferida
Mal dei por mim, queimou fundo
Não senti mais dor
Nem hipotético prazer


Oh... Dolor!
'Dormecida cantiga

Volta! Afinal!
Faço pazes às tréguas

Velha amiga, d'índole erudita
Ingrato fui eu em não querer sentir
Fugi para braços d'apatia
Frígida rainha, não desce de seu trono
Nem espada empunha, d'olhar m'impala
Acabei preso em majestoso castelo
Refém de paredes perfeitas por minhas mãos
Débeis demais agora para derrubá-las

Pensei no que sentia
Não senti mais

Oh... Dolor!
Não sonho mais d'âncora amarrada
Apenas tempestuosa tribulação m'ampara

Sunday, February 22, 2015

Before Adam and Eve

There was once a Paradise
Before Adam and Eve
To be conscious of the self
The terrible paths man goes to find himself
Discovery of fire to the power of atom
How many tears and blood were shed in the process
And the countless souls heaven and hell have stolen
Man is the only true sin
Because before Adam and Eve
There was once a Paradise


Now, let me cry for these lost souls
Let me cry until the end of times

Saturday, February 21, 2015

Magnetismo Animal

Súbito ardor me morde
Entranhado na carne
(Essa de desejos ímpios
Que condenam alma a asilo de fogo)
Capricho que não pode ser negado
Nem tampouco satisfeito
Carne entre os dentes
Com mesmo Fulgor. E Fúria. E Fome
Escravizado coração mal carrega insaciável ânsia
De ver presa domada sem esperança
Absolvição, essa desespera em traqueia cobiçante
Submissos olhares quase suplicantes
Cambaleiam de cabeça baixa para a boca do lobo
Arrastados por medonha tentação
Atrevem-se apenas a soltar subtis fragrâncias
Despertam sede que se quer saciada

Saturday, February 7, 2015

Just another day

Dogs' barks echo from afar
Transmuting my chimeras into something more vivid
"I'm awake! I'm awake!"
I tell no one because no one is there to tell
The sky is silver, exhaling innocuous Adam's ale
Apart from the demon-speed drivers
Tesla towers remain unshakeable
Soaked in Zeus' volatility, disappearing in the distance
My entrails demand a morning sacrifice
I shall go now!
Devour the unborn I will!

Friday, February 6, 2015

The Plague of War

War strips men of all meaning
Taints fields and souls
For hell have never been so blessed
"These humans... Who named them?"
Who said the gods know no laugh, mockery and irony?

Myriad of philistine feet march relentlessly
And kilometers of the Earth trembles and cower in fear
For they have already vanquished the fallen sun
And another horizon sheds fire and blood

Villages nearby can only witness the prelude
As the night befalls voraciously on them
Whisper in despair, they call-out 
Far distant and deaf gods
Acquainted already to their silent answers
All they can rely on is 
Megalomaniac, egotistical, fragile men

"Where do our heroes lie?
I can see them from here!
Their heads are held high
Adorning enemy spears"
Eyes wide open
Dry and dead as they can be
But their spirits will witness the horrors
That they failed to prevent
And they will come back
Haunt on any survivor too weak to die

Mountains inhabitated by wolves and bears
Are just about choosing a kinder type of death
Soon to be silenced voices
Let out a last prophecy
"They will soon be here
Clemency and compassion
Do not travel with them"

After Dark

Long for looming night
Scarce drops of light still linger
Ruins of a sunk sun
Pour dim fumes
Slender, sleek serpents
Dazzle hazy mazes
Slowly entangle all things
In the middle of them I am comforted
Night embraces me
A coat of silence
Over my heavy shoulders
Fill my lungs with a cold warmth

And here I wait for you
In the forest of darkness
Wounded for sexual bounds
Craving for passionate carvings
You heed to my whispers
Bathed in sacred moonlight
Only your silhouette is granted
But you resonate Stygian Grace
Wearing storms and thunders
You can only promise shivers and shudders
Pleas of pleasure and pain from your lover

Sunday, January 25, 2015

Love will destroy us

Babe, love burns between us
Love burns and will consume us whole
Consume us so violently babe
Until there's nothing left
Love will destroy us whole
Until there's nothing left
But ashes of our love
Ashes of our bitter love babe

Ishtar of burning Babel
Burn on Babylon gardens
Forlorn hope, languish in lust
Burn our love, born in war

Sunday, November 23, 2014

Alma

Que não caia em heresia de chamar minha!
Assustadiça que é
Ainda se espanta
E foge com esta vida que me assombra
Maldita desalmada
A vaguear por terras de desapego
Acabas por voltar
Pálida fantasma
A pedir coração emprestado
Mal sustém consciência pesada
Palpita ao ritmo de suspiro e aflicção
Até ao dia que apanhas definitivo terror
Já cansado de convulsos caprichos desses
Afoga-se com embolias de repentino sumiço teu

Saturday, November 8, 2014

The Man Who Waits

There is a Man sitting on a bench
He doesn't move, just keeps quiet
Very very still, as if he is not there at all
Could he be staring at the horizon
(Horizon is staring at his unseen face)
Is he Waiting for someone
Or something
Maybe he Waits for time to pass
Could time be arriving in any hour
Or is it leaving by the second
When is it time
Could he store it in a capsule
Or is he the one trapped inside
Oroboro devours himself

No Man can die
Until he is found by what is sought to be found
What is not yet found is surely Lost
Desert of Reality was so vast
That Lost walked purposelessly
Unaware of the Man Who Waits
So aimless were his steps
That infinitude became his Path
So Lost could never be found
The Man Who Waits
He waited a little longer
Not just a little, he waited as long
As the extent of that Lost Path
That could never be found
So he did not die

Day was not as patient
As The Man Who Waits
For carrying the Old Sun
It bowed down
Right in front of the Man
The Man Who Waits
Because it was in the horizon
Under his persistent gaze
And oh, how much tiring it was
Endless eyes, sharp and vigilant
Ceaselessly shining for millions of years (and it wouldn't be enough!)
Old Sun was heavy with envy and Day was worn-out
Day was on it's knees, facing the obscurity of the Universe
And once, the obscurity had enveloped the earth
Light would meet it's extinction
And there would be no Light to observe
So would The Man Who Waits, still be there
Or would he disappear and have never existed

Could I forget that I imagined that I dreamt about existence
If I forgot it all, will it be extinct too as well?
Would what have ever been, really have been?
The fragility of reality in a glance of light

Thursday, November 6, 2014

Crime Passional

Ela tirou-lhe a vida
Acto possessivo
De amor doentio?
Nem tampouco
Sexualmente sacrificial
Succubus perversa
Não lhe consumiste a vida
Entornaste alma escassa
Em madeira suja e avarenta
Espirrastes escarlate
Paredes outrora puras
Juram agora testemunho
De tão violento afecto
Caprixo e não paixão
Houve propósito ou motivo?
Mas sim lôbrega delícia
Para aquecer esse frigido coração
Resta apenas uma faca morna
Encosta-a agora ao peito
Pois depressa arrefece

Tuesday, September 30, 2014

Who watches over Men?

It's a Lie
What they have been telling you
All these years
It's a Masquerade of a Lie

The one thing
Held with such care
Close to the heart

Harbored and protected
Made sanctuary for promisses of peace
And Oh... Such sweet innocence
Adorned with delicate petals
Purity emanated from abundant sanity
Serene and calm lights from angels
Silent but vigilant
From ivory towers attentive
Giving providence

The Truth
Clear crystalline
Translucent and transparent
Fiction tales told by storytellers and misleading priests
So eagerly craved, deeply mistaken
For sparse particles of hope
Far too subtle molecules
Dispelled to even lesser substances of air

Eclipsed, stolen, gone
Once feverish zealous faith
Falls to a cruel void of fate

It was a Lie
The Truth
The Omnipotent Truth
It was a web of the most vicious Lies

When God is not in the Throne
Only Madness can take His place to rule over Men

Friday, September 5, 2014

Lá Em Baixo Algo Chama Por Mim

Habita um abismo dentro de mim
Não apenas maciços de zéfiro sinistro
Mas existe demoníaca respiração
Delicia maligna, intento ávido de aspirar
Não, minha vida, nem meu fim almejar
Sim, a volúpia de terror palpitante em meu olhar
Sôfrego fôlego antecipa-se, então se solta derradeiro suspiro

De tão súbito e mórbido capricho, desvio o olhar
Coração sacudido no pânico de pensar-se suspenso sobre as trevas enfim
Aquele insondável precipício puxa por mim
Perversidade esfumaça pelos céus imundos
Extingue luzes do firmamento e aparta Deus de mim
Alvoroço primitivo de profundas entranhas
Traz tentação inenarrável de Thanatos
Um magnetismo inebriante de pavor gelado me trespassa

Neguei-me negras ânsias tais
Fascínio ambíguo que traría ruína ou desolação
Quis abafar tão escancarada boca infernal
De tanta desarrazoada eloquência me delegava destruição
Fiz de tão íngreme precipício meus alicerces
Ergui inabaláveis pilares sobre esta nova residência
Onde impetuosa calamidade não morava
Madeira tão densa quanto a obscuridade que abaixo vituperava
Selava hermeticamente todo o pavimento que no mal flutuava
Sólida muralha calava zurrares de loucura do vasto vazio
Os céus são agora feitos de ouro
E vigas de cobre obscurecendo a noite eterna

Este Palácio é meu. Construi-o com implacável resiliência.
Sou Rei Soberano aqui e ninguém contesta minha Vontade
Imponência é exacerbante para uma alma tão pequena
Com peito tão cheio de orgulhosa altivez
Não há espaço para o singelo ar que agora me falta
Piso o lustre e ouço a madeira chiar
Aquele velho bolorento arrepiar do convulso estômago
Ecoa por entre emaranhadas entranhas
A febre inefável pronuncia-se novamente
Vertigem malevolente assola-me
Espessa iniquidade deixa boca amarga outra vez
Arrogância esmaga-me o peito com o peso da infinitude daquele poço maldito
A partir daí nunca olvidarei, caprichos desses são imorredouros
E desdenham essa vaidade da razão
Em inevitável leviano dia, falso piso se desmorona
Pé levantado enterra-se na surpresa fatal
O coração do peito é desterrado, foge um grito endiabrado
Olhos negros berram pálida loucura
Aquele arfar macabro d'horror de espanto sepulcral se sustentará

Friday, July 25, 2014

Fugi

Fugi sem dar explicações
Sem choros, nem adeus
Mas porquê? Desesperam de manhã
Mas já a noite fora cúmplice
Saltei para o ultimo comboio
Só de ida, por favor
Levo casaco, não me fosse arrepender depois
Para aquelas noites de culpa e amargura
Quem vem lá? Estranham-me
Venho de um lar desfeito
Estava em ruínas mas de pé
Desabou tudo em desgosto quando fugi

Tuesday, July 1, 2014

Bedlam Kin

Chaotic Order brings providence in the universe
Erratic firmament lies in Anarchy
Entropy Alignment with finest synchronicy
Harmonious symphony of Serendipity
Haphazard Genenis Melody
Nihil Anima dwelling the Stygian Void
Onyx Apeiron fulcrums myriad Orbital Horizons
Helios Flux cascades to Zephyr Realms
Particles collide, fusion occurs
Nuclei annihilated, energy erupts
Harvest Moon Leaves impelled by arsonist compulsions
Consumed in a blaze of glory by self-immulation
Pours heavy flames over Mercurial Eden
Strokes of Capricious Red canopies a Crimson Terra
Fiery seeds bloom now from Exodus Men

Saturday, June 21, 2014

Ice Queen

Under a crowd of faceless grayed faces
And cold stoned shoulders
He dared to gaze at her
Clinical and cynical crystals looked back
Vitreous zircon sea, silver steel rings, obsidian core, sapphire tears
No golden star inside, only promise of diamond hailstorm

Still...
If ever Evil were Good
It would be in mesmer beauty
Always making such compelling cases
So many men of solid reason
Fell to the enchants of Luna
Where lunacy blossoms and demons abound

(Poor poor boy
Poor poor little boy)

Gemini icy chrysoberil pearls were the perfect hex
Betrayed him with such misleading naive hope
The lure was made of silk velvety webs heedlessly entangling him
Adonic seduction demands obedience
Elegant delicacy spellbound him with not so heavenly grace

Let the summoning begin
Rush the feverish blood at the heart of his

Sweetened with soft honey
For years of kindheartedness
His innocent eyes soured in a heart beat
Swollen whole by her gelid charm
Azure hypnotic magnetism
He was stripped of all purity
Acquainted to her true design
The magic wears off
She needed him to witness his demise
Once his blood was boiling and infatuated
Now it's bathed in horror and terror
Appealing to her lusty desires
Well adjusted to her necrophiliac appetite
A vial of venous blood
Gathers at the core
Frosty and defiled
Just like her

(Poor poor boy
Poor poor foolish boy)

His warm flesh
Tender crimson heart devoured
By her malignant whimsical
Deadened-heart soul

Friday, June 20, 2014

Mind Demons

Am I Insane?

Nailed wooden planks
Sealed shut windows and doors
Any point of entry hermetic
Not even the skylight let the sunshine in
Every means of access barred with scrutiny

Render it uninhabited
Don't come knocking on my door
Don't throw rocks at my windows 
Make them forsake, make them forget

Uninhabited house, uninhabited owner
No need to fear insanity on his doorsteps
Already found it's way inside, to add to his woes
Made him forsaken, made him forlorn


Something tore down the frontiers
Thick walls of reasoning demolished
Mind Demons ravage through
Venturing in no man's land
They will soon be here
Raping sweet reality as it's known
Annihilating cold, hard and inexorable logic
A necessary evil now lessened by a more unimaginable threat
Mind Demons spreading like a plague
Dismembering what it's left of mind, spirit and identity

I am now more stranger to myself than the bystanders on the street

Wednesday, June 11, 2014

Fingida Tranquilidade

Ruas perdidas de gente
Desdobram-se em caminhos estreitos
Ameaçando fecharem-se em catacumbas de esquecimento
Para quem ousar perturbar esta fingida tranquilidade
Alguns aventuram-se por esses caminhos íngremes de espaço intemporal
Esses nada mais são que cadáveres emocionais de murmúrios abafados
Sem entrar pelas paredes que contam histórias caladas e albergam caminhos imaginários
Apenas se ouvem ruídos do quotidiano insonso
Que nem dão vida, nem silêncio santo
Apenas um pálido arrastar de humanidade
Interminável ranger de calçada deambulante
Que não sabe por onde andou nem sabe para onde vai

Tuesday, May 27, 2014

O Comandante Nunca Abandona a Nave

Estou em queda vertiginosa
Um pedaço de nada
Perdido em mim como metal cirúrgico esquecido
Cambaleando por entranhas psíquicas
Dilacera-me com deslizes que laqueiam artérias neuronais
Ténia existencial infiltrada
Entra silenciosa como espião, fica para o saque como ladrão
Rouba pela calada, acaba em espectáculo e detonação

À deriva no vazio do espaço de luz extinta
Entregue à vastidão inconsciente
Sabotagem de exímio desígnio
Inimiga escondida a bordo
É conclusiva e definitiva
Só lhe cai o disfarce quando acciona o alarme
Luzes intermitentes e danos irreparáveis
Denuncia-lhe os estragos que causou
Quando já lá vai longe em fuga
Ingovernável como locomotiva sem travões
Pouco mais resta que sair pelo mesmo caminho de quem nos tramou
Antes que a contagem termine a destruição que não se acabou

Um ultimo comunicado se faz:
"Tripulação, façam favor de evacuar o perímetro
O Comandante nunca abandona a Nave"

Sunday, April 27, 2014

Penumbra Falls

Something bad is brewing
Banished day
Persistent Darkness
Earth enveloping in a black cocoon
Chrysalis hatches in full-grown Cataclysm

Hope is a dim light
Behold the gloomy night
Lit candle in rest
Passive fire inbred
Surrounded by omnipotent shadows
An augury of looming Doom Meadows

Man-made Child
Is the prototype of all mankind
Unaware, goes to imminent War
Unwillingly Soldier with no rank and no sword

Unblinkingly staring at the dead sky at long last
Will soon lay on dry grass
Denial of deep burial, with no privilige for privacy after death 
Semblance of dread on display after his last breath
His ordained ordeal forever forgotten, wrapped up in a veil by Calypso
Rinsed with waters of Lethe, stranded blacksands of Limbo

Wednesday, March 12, 2014

Cegas Sensações

Porcelana esbranquiçada
Penetra-me o olhar
Agora inutil e despedaçado
Inundado de escuridão
Leva-me para o abismo da incerteza

Meus pés afundam-se
Em areias do tempo
Que fogem apressadas

Pedaços de mim humedecidos
Jorram para as minhas mãos
Com o peso da fatalidade carmesim

Com passos trémulos e cegos
Tropeço em mim e não me levanto mais
Meu corpo sufoca-se na inercia
Engolido pelo tempo que se esgotou

Saturday, February 22, 2014

Forasteiro de Mim

Quimera Narcísica
Identidade Náufraga
Consciência Inconsistente
Frágil Remanescente
Particula Ínfima de Essência
Breve Ilusão de Existência

Um Eu que se esvai assim
Um Eu que fugiu fora de mim

Atravessa-me como o espectro que me tornei
Deixa-me louco na dúvida se aqui estarei

Vejo-me ali ao longe
Instantes diluidos na eternidade
Agora que me perdi
Tempo é apenas uma miragem
Alma vazia não paga renda
Nem no Céu, nem no Inferno
Forasteiro de mim
Não se deixa agora apanhar
Por um desalmado assim

Que será agora de mim?
Ninguém quer um órfão de si
Espírito irrequieto permaneci
Invejo cruel castigo de Prometeu
Dilacerassem-me a carne se a tivesse
Talvez a dor me fizesse voltar a mim
Mas já nem corvos, nem abutres padecem de mim

Monday, January 6, 2014

Sciamachy

Silence darkens the vicinities
Heavy thoughts wandering in absolute stillness
Empty space smothered by such toxic vapours
Morphs in the inhabitants of my mind
Sinister Ministry of Ghostly Affairs
Phrenic Chimeras engulf me leading to my destruction
All this havoc caused by such imaginary foes
Bugs under my skin and webs in my head
Running out of Sanity to withstand such Demons
Made a bargain for my lucidity back
They dropped on me lunacy instead
Chain to my neck and boulder off cliff
Drowning in Midas Gold
Cast out to a dream in endless sleep
Reality and imagination fused together
Drenched in a Paradox Machine
I am lost with my desires and obsessions
My life is now as cheap as a bullet
Fata Morgana's realm is any fool's paradise

Saturday, September 28, 2013

Cataclismo de Outrora

Ecos do passado
Ressoam no presente

O Cataclismo estourou noutra vida distante
Envenenou secretamente, contaminou sem ninguém saber
Atomizou ADN, deixou heranças radioactivas
Os horrores mergulhados em furnalha ardente
Foram marcados em meu olhar com ferro e fogo

Mas isso foi há muito tempo atrás
Selei aqueles demónios com camadas de chumbo
Até abafar aquele crepitar frenético
Eclipsei da memória
Empurrei para baixo com vodka amargo
Fiz-me de esquecido do que aquilo tinha sido
Neguei-me todos aqueles anos que tinha vivido

Ligado a máquinas, estive desligado tempo demais
Passaram-se anos
Anos roubados de infância
Anos cobrados da carne, essa que é efémera
Levaram minha inocência, deram-me decadência
É uma troca injusta de veneno radioactivo

Toda aquela energia efervescente
Naquele cemitério de memórias malditas
Rebenta num estrondo ensurdecedor
Sem passar despercebida irrompe através de metal encarcerado
Uma aparição fantasmagórica do passado morto e enterrado
Diante de mim contra todas as leis da vida e da morte
Fazendo sombra ao sol distante e trazendo de volta a noite de outrora


Tuesday, July 16, 2013

In-Som-Nia

In-Som-Nia is knocking at my door when I am trying to sleep 
Barely awake, hardly asleep.
Something in between
Might break that man's dream
Laying in bed with eyes wide open
Light is gone, sparks in my head
All the blackness yawns me whole
In a loud deafening gasp
Vertigo in reverse
Like being outside of very tall buildings
Looking up and seeing the rooftops
Bending and collapsing towards me
Yet it was only me who lost the balance and fell
So it is in my sleep
It seems I'm falling very fast from the heights
Yet I'm standing still in my bed hallucinating in my dream

Friday, June 28, 2013

The Statue of Salt

Exhausted of this life
Fantasizing about unreal possibilities
One moment drunk with delusions of grandeur
Next second throwing myself to a more grounded perspective
Bashing hard in the floor
Tasting gravity's dirt on blooded mouth

Pushed aside all the people
Ended up surrounded by bad companies
Foolishly chosing as friends my neuroses
Borrwing someone else's psychosis
Bound to make serious mistakes
Inhaling such toxic vapours
No wonder humans were mistaken as fiends
Hardened by such ill foes misguided as friends
Corrupted me in a statue of salt

Want to cry
The salt dries all the tears
Before anyone can even notice
Screaming for help is also futile
Statues would break first
Before moving their lips
Unexpessive eyes are forever doomed
No rock shows any emotion
Before blinded men start seeing again

All the suffering retained inside a fragile vial
Is a receipt for such a potent poison
Shall the frail vial fall on the ground
An entire planet falls on eternal madness

Interrogações sem Resposta

- Porquê?
- Porque foi assim que Deus quis
Ele percisava de alguém lá no Céu
Ele é que decide a Hora

- Mas porquê?
- Porque o Diabo tambem quis
Ele percisava de companhia lá onde ele está
Ele não governa o Inferno vazio

- Mas porquê?
- Porque o destino predestinou
Ele decide o Dia antes de sequer nasceres
Ninguém muda a opinião dele

- Mas porquê?
- Porque a Terra também acaba
Ela não é infinita e se gente nasce, gente tem de morrer
Ninguem vive para sempre

- Mas porquê?
- Então, não sei! Não há qualquer motivo ou razão!
Ninguém sabe o que há do outro lado
Secalhar aquilo é melhor do que aqui
Ninguém se deu ao trabalho de vir de lá sequer para contar!


Silence in the Library

I want to write but I don't get it right
Words lack consistency, aphasia smothers my fluidity
Noise lingers around and it's not the voices, i'm actually sound
"Silence in the Library" sign, must be just for the irony ...sigh....
Should I join the parody and vociferate? Or silent them with cyanide?
Nah, it doesn't rhyme and I can't stand all their drooling and dying time
I must be quite disturbed. Come visit me in the underworld.
I hear it's hot and sunny all year.
You can pray for a spot with a cool breeze
But it's pointless, because you're in hell now, babe!

Thursday, June 27, 2013

Who am I?

How far a man goes to know himself?
"Who am I?", heard the fool like a wise man
A silent scream erupts from within
One must stare at the darkness inside
Leap in Faith into gargantuan abyss
Travel through the Devil's Throat and be judged in God's Throne
Many have a glance on it's immense blackness
And they run in denial.
Afraid of what lingers in the unknown chasm
Monsters we created and forgotten
Wander in oblivion with volatile tears and resentful years
After witnessing what was left behind
One might want to fall further into the abyss
In hope of finding something that might save his soul
No one wants to be the antagonist of the story
But it isn't very likely to find pearls in the midst of filth
Doesn't matter how much one pokes and surrounds it
It tends only to get worse when one messes around in it

Sweating over the sink, washes his face and gazes the chameleon glass
He dares to see further than crystal's wisdom
Scratching his face, ravaging the fragile skin to reveal it's true nature
The same horrid flesh of monsters harbored inside finally unfolds

Tuesday, June 4, 2013

Avoidant Personas

For so many years
I have chased my enemies
Wielding a sharp glance
Faceless shadows disappearing
In convenient dead-end alleys
Mocking me, these unknown foes
Laughing loudly, fading away over the rooftops
Boots hammering tiles made of inexorable steel

Unable to pursue such avoidant personas
Masters of the elusive ways. They escape like skeptical ghosts
Successful in every attempt in their evasive maneuvers
Soon I forget about such zealous antagonism
Just until some intelectual byproduct triggers another undying quest
To chase more ethereal demons of the mind
You can't catch what wasn't there in the first place
Those retinal images running away it's just the madness in your eyes

Reminiscent sane thoughts are drown in a deluge of lunacy
Struggling to send through last bits of reason, they die unheard

In another of those rainy haunted nights
On one of my endless hunts
I caught my breath instead of one of those perpetrators
The flooded concrete had shown me it's visage
It's true face magnified in the whole deluged city for all to see
Staring me in the face
Mimicking the contempt and revulsion I was letting out
Master of thievery ways, he stole my face

Sunday, May 12, 2013

System Overload

*Affective disturbances affecting mental stability*
*Intense emotions triggering unexpected reactions*

DEFCON 5 is now Online

*Inner self is engulfed with emotional powder*
*Fire walls made of volatile power*
*Increased brain functions 300% past safety threshold*

DEFCON 4 is now Online

*Over-heated internal circuits*
*Obsessions takes control*
*Electrical activity goes haywire*

DEFCON 3 is now Online

*Synaptic Pathways overly charged*  
*Brain impulses speed increased dramatically*
*Neuronal Network short-circuits Central Nervous System*
*Neurotic Behaviors occurrences have been Detected*

DEFCON 2 is now Online

*Psychic Anomaly Phenomenon have been Detected*
Searching Additional Protocols...
Additional Protocols found...
*Chemical Imbalance decays synaptic connections*
Secondary Protocols initiating...
*Hallucinations emerging from the unconscious mind*
Secondary Protocols has been activated...
*Psychotic-break imminent*
Secondary Protocols failing...
*Critical Mass Achieved*
Red-Button Protocol has been activated...

DEFCON 1 is now Online

Self-destruction sequence initiating...
ETA for Destruction T -30...
Mutual-Assured-Destruction program activated...
ETA for Destruction T -10...
*System Overload*
*Massive Destruction Device Detonated*

System Terminated...

Tuesday, May 7, 2013

Spasmodic Heart

My heart lies in a cage
thoracic cage made of bones
Dances in a spasmodic motion
Cursed by this voodoo magic
Not allowed to traverse it's cell
It crosses over and it withers away

Fell prey to a bear trap
Entangled in relentless metal
That pierces the muscle
Let them be. It hurts
But stops the bleeding

Swallowed whole by the beast
Splinted between raging teeth
Closed shut by thick jaws
Corroded by it's befouled entrails

So it lies catatonic and autistic
It's no prisoner if it doesn't intend to leave
Dances in a spasmodic motion of eternal drums
Flooded by molten lava, it still performs it's rhythmic ritual
Cut and gutted, it beats more vigorously
Futile efforts to retain the precious fluids
Yet it beats more violently
Gushing all hope from hundred of fissures
Half-empty-or-half-full logic has been put aside
Because the heart is all empty
Without a shadow of a doubt

Saturday, May 4, 2013

Motherless Abomination

Mother is dead
Died long years before mine conception
Her essence vanquished, vanished, vaporized
Deceivingly having motion, mimicking emotion
Body functions still operational and running
But so it happens with the machines
Initial sparks and endless wheels
Also imitate the soul in the marionette
Coordinated clockwork
No cognition beyond the cogs nature
A nature made of metal and cold deduction

With reason and lack of it
What reasons could there be
To leave her capable of harboring life
After the mythosis of self and atomized reality
Creating a singular event of time/space distortion
In which the inconceivable was conceived
Creating an offspring from rusty dendrites
Fed by irradiated milk and insanity poisoning
To fully develop into a demonhunter
Chasing the demons she created
Or the demons who created her

Demons of the mind
She told me a lot about her demons
So I created my own

Mother is dead
Possessed by insanity
She is now just an anomaly
And so am I
Motherless abomination

Friday, April 26, 2013

Arder Incessante

Ter um fogo eterno dentro de mim
Uma chama elétrica
Revolta como as ondas do mar
Vibra minha essência num sismo intenso
Um cismar no impossível e exigir o paradoxo
Meu coração irrequieto
Ama compulsivamente
Inflama-se facilmente
Inunda-me num curto-circuito sináptico
Pensamentos encharcados de emoções voláteis

Alguns negligenciam o toque
Para mim é uma viagem avassaladora
Uma viagem extenuante até a alma
Sentir com tanta magnitude
Envolve-me em labaredas
Arrebatadoras, abrasadoras
Cauterizam à pele furor fulminante
É por isso que tenho tanto medo de tocar
Porque aquele toque é metal incandescente
Que deixa marca permanente

Mas é assim que sou
Alguns ficam pela superficie
Eu quero a profundidade e a essência

Thursday, April 25, 2013

Illusions of Time and of Love as well

Time is an illusion.
It is merely the momentum of the movement of objects through space.
If we could stop the movement of all objects in the universe
We could effectively stop time
And holding that special person in our arms
Could be an everlasting moment indeed.
But how do we manage to stop every sub-atomic particles of the universe?
And how do we manage to find that special person who deserves such a fulfilling promise?
The odds are to one as it is for the another…..

Thursday, January 31, 2013

Black Sea

Black is Mysterious
Silence is Calm
Reality fades
Safe from blinded light
In the coat of night
Tides of charcoal-dyed ink
Taints the mind who set sails
At the Black Sea
Magnetic, almost hypnotic
A secret call who whispers
Whispers the voice of the siren

"Heed my call
Oh sailor of the Black Sea
Come forth and bathe thee
Bathe thee in the waters of doom"

You dared to listen where was no sound
Rather lost than found
Into the unknown you advanced unyielding
Through the melody unheard you were guided
Mesmerized by chants imbued in Silence
You stepped forward into the nightly thickness
The viscous embrace allured to submerge
Drenched in the everlasting darkness you merge
To find the core of all evils

Before your very eyes
In a thousand miles deep into the deserted ocean
Where there is no shed light
Only vibrating black blight
You gazed upon the inner quarters of your innerself

Tuesday, January 15, 2013

Memórias-Fantasma

Lembranças levadas pelo tempo
Que fugiu como ladrão
Com minha inocência e juventude
Abafadas num saco ganancioso
Tudo o que me resta
São as reminiscências espalhadas pelo bosque
Como migalhas que levam á minha perdição

Tracei um trilho catártico de pegadas dormentes
Errando em vazio propósito
Espelha-se um outrora
Agora irreconhecível num olhar perdido
Recordações deixadas ao de leve em areias de ampulheta
Banhadas por marés que derrubam castelos de pensamentos

Apenas na aspereza e arrogância da pedra inabalável
Encontrei refúgio onde o tempo não corrói e a memória não esquece
Cravadas em sábia solitude num memorial sempiterno

Outono Decadente

Nuvens de aço
Cobrem o azul
Num casulo perfeito

Um céu artificial
Desprovido de cores
Serve como tecto para almas distraídas
Entranha-se subtil apatia

Folhas esmorecidas
Cedem à gravidade
Aliciadas para baixo
Como anjos caídos

Apenas pedaços de lenha gigantes
Erguendo-se da terra
Permanecem sem vacilar
Antigos como os deuses perpétuos
Assistem ás quedas e ao renascer de todas as temporadas

Impossível Destino

A vida é uma jornada fascinante
Incrivelmente repleta de surpresas e descobertas
Reencarnamos em várias pessoas diferentes durante essa viagem
Nascemos, erramos, sofremos, aprendemos, renascemos
Moldamos-nos numa metamorfose infinita
Uma nova tentativa de alcançar a perfeição inalcansável
Um processo continuo de rejuveniscemento apenas possível pela força do impossível
Somos todos heróis da nossa própria história
Temos vitórias e derrotas todos os dias
Criamos destino pelas escolhas que fazemos e aquelas que não fizemos
Uma vontade incessante de ser algo mais
Mas morremos um pouco a cada instante também
O que nos tornamos, impede-nos de sermos algo melhor?
Hipotético massacre da dúvida permanece com nova transformação
Nosso mundo é abalado na incerteza e a única certeza vem com sabor agridoce
No topo da montanha que subimos está o homem paciente que espera por nós
Uma dádiva de simpatia e delicadeza se não fosse a natureza dos seus designios
O derradeiro capitulo do heroi é inevitavelmente ser abraçado pelo pior dos vilões
Conscientes distos, a nossa demanda como heróis torna-se fútil e vã
Pois o prémio final é a inexistência e o esquecimento
Sem discriminar o caminho percorrido
Não há qualquer glória para o herói apenas a tragédia

Medo Primordial

Quando vamos dormir à noite
A mente passa por lugares sombrios
Cai no abismo dos nossos medos
Alimentando-se da distancia que fugimos deles
Avultam-se na sombra do esquecimento
Escondidos debaixo de uma pedra como escorpiões
Envenenam a infraestrutura do nosso ser
Insensíveis, sem remorsos, impessoais
Mas como poderiam eles ser outra coisa?
Não são humanos, nem pessoas são
Nós é que lhes concedemos o luxo de os tratar como tal
Atiramos-os para a selva em pequenos
Damos lhes de comer, damos lhes poder
Damos lhes cara, dentes e garras
E eles regressam anos depois para se apoderarem de nós