Estou lá no grande portão
Os outros vão chegando
Chegam por outras razões que não eu
(Pobre Ego, desprezado dessa maneira....
Ide para dentro, não ficais à porta.
Castigos te esperam, daquele moralista dos diabos)
Mas lá têm eles de me ouvir
Não me calam assim:
Blasfémias, sarcasmo e riso profano
Os Loucos, ilibados por sua insana vontade
Para o céu vão. Deixem-nos passar, coitados
Não tem juízo, nem intelecto
Nem artimanhas sequer, sem lucidez para tramar alguém
Não comeram da maçã, ficaram na ignorância
Despidos da consciência que o pecado os roeu
E os Limítrofes, no limite ficam
Esses não sabem o que querem também
Só querem ir para algures, não ali
A senda da luz, ou até Mercúrio pode ser
Só querem sair dali e pertencer a algum sitio
Mas no Limbo é bom também
Sem estímulos sensoriais, nem montanhas-russas
Eles não gostam de montanhas-russas
Indivíduos estranhos esses
Amnésicos de identidade