No bolso da esquerda
Fica um vácuo, um pesar
Uma pedra, um Golias.
Tudo de vaidade e valía,
No ventrículo direito,
Afastado desse poço sem fim.
Albergado ali, num passo irregular,
Um corpo dual atraiçoa, se separa de mim e se lança
Por aí abaixo num calafrio
Que violenta a líbido, repugna a alma.
Fico horas nesse ensaio
Aumentando a distância ao luar,
Até aos príncipios da Terra.
Contando o tempo nesse balance,
Em que gritam as valquírias,
Esventrando-se dentro de mim.
Entre este mundo e o outro,
Sem desejo mais nem tormento,
O átomo despossado de si.
Fica a rebeldia,
De me manter nesse acre pós-humano.
Sobreviver após todos os núcleos serem lançados,
Ver o que brota dessas sementes do caos.