Pela mais longa lança
Que esventra em silêncio absoluto,
As horas dilatadas,
Desdobradas em cartas deliberadas,
Atiradas à mesa de cabeceira
Lançando desejos à lua mágica
Dotada de intenção e imaginário
Inclinado sobre o parapeito da galáxia
Evito inspirar o ar rarefeito
Um lembrete solipsista
De que pinto o distante de engano próprio
Só para não me afogar em existencialismos
São numerosas as vezes
Que caio nesse logro
Solitário labirinto do pensamento
Que se entranha em espaços intracranianos
Normalmente anestesiados no conflito neurótico
É com brechas por onde raiam veias
Suplicantes de sono oxigenado
Que disseco em enciclopédias
A dor diurna cedimentada até aos ossos
Não há outra forma
Oh! Assim que cai a cortina carmesim
Não há qualquer descanso!
Que soturna existência!
É com constante formigueiro
De alucinadas octavias batidas
No sotão latejante carcomido pelos elementos
Que se enterra o dia e nasce a noite eterna