Tuesday, February 22, 2022

Compulsão à Repetição

Sempre fui, sempre estive
Limítrofe da realidade e desejo
Onde esses dois reinos se beijavam
Era eu testemunha de imprudente paixão
Em mim reverberava a história repetida
Desencontros, traições, amores de guerra
Séculos de tradições de narcisismo falhado
Sem nunca declarar imposto
Das terras roubadas, delegadas a ninguém
Renuncio à herança de absolutos e vazios 
Viver entre fronteiras entre mim e o outro
Desmascarar os sábios e os reis
Não eram eles dignos da honra e da coroa
Sem divindades nem soberanos
Caíram todos antes de mim
Devorados por demónios 
De suas próprias entranhas
Com Roma em chamas ante mim
Abdico do mito e glória de outrora
Entro nesse pesar de meu próprio pé
Desapareço pela noite oclusa
Embalado no medo de ser sucedido
Onde todos os olhos têm dentes
Onde todos os reinos se dissolvem
Sem saber se verei a clareia de lua nova
Sem saber se ofereço sanidade a troco de nada

No comments:

Post a Comment