Só mais um pouco
Desta vez?
Já que ao de leve apenas
Te queimas na retina
Alocaste no fundo do crânio
Com perenal duração
E fazes sempre o teste
Vais embora
Para eu ver
Se a dor te guarda
Mais fundo na memória
Já podes aparecer
O deserto afetivo
Atravessado
Por teus dedos
Ainda recolhe
As cascatas do mar
Dividido em dois
A norte quer te ver
Seca o resto do mar
Que me afogo sem ti
E a sul que mais não te veja
Os navios despenham-se
Nessa longa espada
A meio do oceano
Com Neptuno
Nas profundezas
E tu caminhas sobre ele
Num longínquo aqueduto
De águas inabitáveis, inabaláveis
Pusesse eu um pé
Em direcção ao conglomerado
De líquidos e espelhos escorregadios
Era-me obliterado cada pedaço de mim
Que não suportava a aproximação
Fosse eu descobrir
Lá em baixo, não havia nada
Nenhum vestígio de ti
Nem oxigénio que me deixasse arrepender-me
Voltar a cima e expirar todo o desgosto
Ficaria lá contigo pesando-me no peito
Sucumbido ao sono eterno
Sucumbido ao sono eterno
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