Porque me olhas assim?
Com artificio e morte
Alguém decidiu
Conceber-te a ilusão
De que isso que vês
Rasteja diante de ti
No chão em que pisas
Não te disseram
Os monstros na lua
Não vivem lá não
São tarântulas
Habitam em teu escalpe
Pingam pancadas frenéticas no sotão
Onde nunca lá ninguém entrou
Encontram escape
Na madeira porosa
Saem-te pelos olhos
Invadem-te os quartos
E a sala de estar
Sem portas
Nem janelas
Nem algo que segure
De onde elas saíram
Saem para o mundo
Mas mais ninguém as vê
Contorces-te aterrorizada
Consumida por horrores
Juras que é verdade
Mas é a ti
Que profetizam
De louca
De repente
Confinada em paredes
Que se encurtam
Para cada vez mais perto
Avançam para te comer
Essa aranha gigante
Prende-te os braços
Esmaga-te o peito
Roubou-te os olhos
Olha-te escancarada
Com uma ânsia de te devorar
Preencher o vácuo mortífero
Que vomitas em sala vazia
Cheia apenas de ti
Uma cama com amarras
E tudo que não coube na noite
Em onírica desrealização
Sunday, April 17, 2022
O Que Vive Lá no Sótão?
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