Sunday, June 3, 2012

Nómada


Há tanto que me arrasto
Neste mundo forasteiro
Que tanto estranho
Sou obra do acaso
Acto vão de outrem
Ninguém me perguntou nada
Se queria existir
Não vim de meu passo
Trouxeram-me à força
Para um sitio inóspito
Terra de Ninguém

Espectro e quimera
Vivo neste mundo
Mas habito outra realidade
Deambulo em multidões
Incrédulas que ali passei
Entre gente demente
Pensam eles que sou um deles
Sem saberem quem são eles

4 comments:

  1. Muito bom!
    voce escreve muito bem!
    me identifiquei um pouco com o eu-lírico do seu poema.

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  2. Antes de mais quero agradecer imenso o comentário, é fundamental para alguém que escreve, saber a opinião de outros, dá animo para continuar.

    Não considero que escreva mal, mas haverá quem escreva muito melhor que eu, ainda tenho muito que evoluir em relação à escrita, mas é bom quando dão valor à maneira como escrevo :)

    Em relação ao conteúdo do poema, penso que represento ali não apenas o meu pensamento mas o de uma comunidade de pessoas. Há quem se sinta parte deste mundo e há quem se sinta um estranho. Existe a norma, e existe quem se destaca da norma.

    Espero que continues a contribuir com os teus comentários :)

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  3. Gostei do poema e especialmente das 2 últimas linhas.

    Por outro lado noto um "não pedi para nascer"... Algum motivo específico?

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    1. Alguma raiva... Ao tentar olhar para trás e ver o que correu mal e aperceber-me que mesmo que fosse ao passado mudar os eventos que levaram-me a este ponto, que por si só é um exercício completamente inútil, a fool's errand, mas acho que tudo já estava mal antes de eu nascer...

      Podia tentar consertar tudo, mas o dano estava por trás da minha área de efeito... Provavelmente estarei a ser um pouco confuso... Apenas acho que as circunstâncias e o tempo em que nasci foram longe de as ideais... Uma espécie de destino...

      De qualquer das maneiras, o que falo aqui é uma situação muito presente em toda a gente, ninguém escolhe quando nasce nem em que circunstâncias, somos vitimas desse facto, somos o resultado do acto irreflectido dos nossos país, herdamos imediatamente as batalhas deles no nosso código genético e na formação da nossa personalidade... Também acho que não tenhamos escolha de quem iremos ser no futuro. Os anos mais importantes para a formação da nossa personalidade, são os primeiros anos de vida que são convenientemente apagados da nossa mente... Acabamos por ser escravos das circunstâncias que nos impuseram.

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